quinta-feira, 31 de maio de 2012

Caos é sinônimo de ERS 240

“Olha onde tá o dinheiro do meu imposto!”, brada um motorista de caminhão para os funcionários da empresa Giovanella, ao passar pelo atoleiro no desvio da obra da ERS 240, no sentido Montenegro-Portão. O que ele não sabe ao fazer a afirmação é que grande parte dos transtornos causados no trecho são oriundos dos próprios veículos pesados que não respeitam as orientações sobre o peso suportado pela estrada. “Se em cada trevo de desvio for colocado um funcionário da empresa, ninguém vai trabalhar na obra. Daí os caminhões não respeitam as placas e estragam a rua”, indignou-se um dos trabalhadores da construtora Giovanella, em um dos pontos críticos do desvio, na tarde de ontem. 
O Jornal Ibiá acompanha a sina dos motoristas que precisam utilizar a estrada de chão batido para ir ou vir de Portão, e tem constatado uma série de problemas. 
O aposentado Schirlei Dutra de Oliveira, 62 anos, que mora à beira do desvio, afirma que os responsáveis pela obra se prepararam mal. “Desde o começo, quando disseram que iriam usar essa estrada como desvio, eu já sabia que ia dar problema”, lamenta. De fato, as inúmeras reclamações a respeito do trânsito, da sinalização no local e a quantidade de caminhões atolados desde o início da obra abrem o precedente para que hipóteses como essas se tornem verossímeis. 
Na edição de terça-feira do Jornal Ibiá, um mapa fornecido pelo engenheiro responsável pela obra, César Zeni, do Departamento Autônomo de estradas de Rodagem (Daer), orientou os condutores sobre os caminhos a seguir no trecho, de acordo com o peso dos veículos. Entretanto, a sinalização precária não permite que as recomendações sejam seguidas corretamente. O desvio para veículos leves para quem vai de Montenegro até Portão fica no quilômetro 30 da rodovia, à direita, logo depois da Tenda do Segredo.
Contudo, não há placas claras mostrando que ali a rota alternativa só serve para automóvel. Quem passa desatento cai automaticamente na entrada da estrada sugerida para caminhões, chamada Barra do Cadeia, e trecho de acesso à ERS 240 de quem vem de Portão para Montenegro.
Com a confusão, a estreita via, de aproximadamente 5 quilômetros de estrada de chão, acaba recebendo fluxo de carros de ambos os sentidos e, ainda, os caminhões e carretas que não deveriam trafegar por ali. 

Transtornos são resultado de mau uso


Na tarde de ontem, a equipe do Jornal Ibiá presenciou o caos que se instalou a partir de um caminhão que atolou no trecho para veículos leves, na estrada da Divisa. Uma imensa fila de carros se formou enquanto os funcionários da Construtora Giovanella, contratada pelo Daer para reconstruir o bueiro na 240, se desdobravam para transportar material que pudesse dar condições à estrada de chão danificada pela chuva e pelo uso dos veículos pesados.
Enquanto isso, motoristas indignados com a precariedade da rota e a demora para conseguirem passar reclamavam da situação. “Achei uma falta de organização essa obra. Quem a contrata tem que dar estrutura para que ela possa ocorrer. Estamos em 2012 e ainda vemos esse tipo de situação”, afirmou Dirceu Roque Sponchiado, que pretendia chegar a Taquaruçu do Sul.
Outros motoristas comentavam que não havia placas que informassem que veículos de mais de 8 toneladas não poderiam trafegar por aquele desvio, no sentido Portão-Montenegro. Todos eles esperaram cerca de 30 minutos para seguir viagem.
Morador do local, o agricultor Harry Gröss, 40 anos, olhava com o cenho franzido os homens tentando assentar o barro no trecho onde ocorreu o atolamento. “Tá horrível isso aqui. É uma vergonha! Esse desvio devia ter sido preparado antes. Deviam ter alargado essa estrada antes”, reclamou. Ele chegou a fazer contato com a Polícia Rodoviária que o orientou a entrar em contato com a empreiteira.

A quem cabe a responsabilidade?

A grande dúvida que paira sobre os usuários do trecho em questão é a respeito da responsabilidade pelas condições das rotas alternativas.
O superintendente regional do Daer, engenheiro Jorge Fernandes, informou que, antes do início da obra, foi solicitado à Construtora Giovanella que o desvio recebesse melhorias para suportar o fluxo de veículos. Uma revigoração do desvio teria sido feita pela empresa, todavia, a utilização do trecho por veículos pesados teria prejudicado o trabalho. Jorge ainda informou que, por conta dos transtornos que vêm ocorrendo, novas melhorias foram solicitadas para amenizar o caos. 
A Giovanella afirmou que o Daer é quem dá as orientações, e a ela cabe apenas executar as medidas. Contudo, tanto o Daer quanto a Giovanella reforçam o pedido de colaboração dos motoristas. Caminhões da construtora estão, constantemente, deslocando material para os desvios, com a finalidade de assentar o barro e os buracos provocados pelas chuvas de ontem e pelos motoristas de caminhões que não obedecem as placas. Para hoje estão previstas novas intervenções nos trechos alternativos para melhorar a estrada.
Diante da confusão, o Daer informou que irá analisar a situação e tomar medidas.


*Texto parte da cobertura da obra da "cratera", no km 24 da ERS 240. Foi publicada em 31 de maio de 2012, no Jornal Ibiá (Montenegro-RS). Matéria com fotos aqui.


Quando o trabalho dá lição de vida

Uma tarde quente e muito nervosismo. Assim eu descreveria o dia em que fui fazer a entrevista com os haitianos que vieram, recentemente, pra Montenegro. Normalmente eu já fico ansiosa para entrevistas importantes, porém, aquela seria minha primeira em francês, língua que estudei durante anos, mas estava há muito sem praticar.

O primeiro contato com os novos imigrantes foi mais fácil do que eu imaginava e o idioma fluiu melhor do que eu poderia esperar. O Ezechiel, que cursou dois anos de faculdade, se mostrou super solícito e comunicativo - apesar de não querer aparecer nas fotos - e me ajudou muito a compreender o que os outros falavam em Crioulo - dialeto haitiano que constitui língua oficial junto com o francês.

Em quase 2 horas de entrevista, ele me mostrou a casa onde estão vivendo e falou sobre seus sonhos. Foi emocionante o momento em que, conversando sobre a vontade que ele tem de continuar seus estudos, eu mencionei que aqui no Brasil existiam universidades gratuitas e que, talvez, fosse possível tentar seu ingresso em alguma delas. A alegria no olhar foi explícita.

O Jean Chal foi outro que comoveu. A primeira coisa que me perguntou, quando me apresentei como sendo do Jornal, era como ele deveria fazer pra trazer a esposa e os três filhos que deixara no Haiti. Fiquei sem palavras, querendo dizer algo que alentasse, mas, infelizmente, não tinha nenhuma informação que pudesse ajudar.

Depois de conversar com eles, tive um longo diálogo com o Charles, coordenador de produção da Agrogen, que foi ao Acre fazer a oferta de emprego. Ali eu percebi que a situação dos haitianos não emocionava só a mim. Ele me contou toda a história e se emocionou ao lembrar de alguns fatos. Por fim, ele afirmou, que se a empresa pedisse que fosse novamente ao Acre, iria simplesmente pela oportunidade de ter contato com uma realidade tão difícil e poder fazer algo pra mudar.

Saí de lá pensando muito naquilo tudo. Na vida daquelas pessoas, em tudo que eu tinha e como eu deveria agradecer pela vida privilegiada que levo. Fiquei com vontade de voltar mais vezes, e, de fato, o farei. Talvez eu não possa ajudar o Jean Chal a trazer a família, nem o Ezechiel a voltar a estudar, mas posso tentar fazer com que essa batalha dura que eles terão pela frente, seja menos sofrida com a amizade e apoio que me senti disposta a oferecer. Bon courage, mes nouveaux amis! (Boa sorte meus novos amigos!)

* Texto publicado na seção "Blog da Redação", no site do Jornal Ibiá (Montenegro-RS), com os bastidores da entrevista com os haitianos.

 

Superação como condição para sobreviver

“Estamos aqui para ajudar nossas famílias que ficaram lá! Essa é a nossa responsabilidade”, afirma Ezechiel Charles, um dos 24 haitianos que foram trazidos para Montenegro, para trabalhar na empresa Agrogen. Ainda em processo de adaptação com a língua e, principalmente, com o frio, os novos “gaúchos” trazem no olhar as marcas do caminho trilhado até o Brasil, e no sorriso a esperança de dias melhores.
Ivia Olivier, Mariciledesir, Aldajuste Nasson e Jean Wener Chal, junto com Ezechiel, acreditaram nas promessas de sucesso, dinheiro e prosperidade que circulavam em seu país a respeito do Brasil. Nenhum deles se conhecia, porém, todos compartilhavam o sonho de ajudar a família a sobreviver com os ilusórios salários de cerca de R$ 3 mil supostamente pagos por aqui. Vieram de forma independente, sem contrato ou vinculação com qualquer empresa, sem lugar para ficar ou contato de conhecido brasileiro que pudesse auxiliar. Um pouco de dinheiro para pagar as passagens e muita vontade de mudar de vida era tudo o que traziam na bagagem. 

Saíram do Haiti em janeiro deste ano sem data para retornar. Fizeram, de avião, uma rota bastante conhecida entre os haitianos. Passaram pela República Dominicana, Panamá e Peru, onde entraram em terras brasileiras através do Acre. “Nosso país é muito pobre. Já era antes do terremoto, mas ainda conseguíamos levar a vida. Depois da catástrofe, nos vimos obrigados a deixar o Haiti para buscar melhores condições. Era a única esperança”, explica Ezechiel.
No trajeto até a fronteira do Peru com o Brasil, tudo ocorria bem até perceberem que o suborno de peruanos, para atravessar o limite entre os dois países, era rotina. “O governo peruano não deixou eles entrarem aqui. Vieram de forma ilegal, com os coiotes. Eles contam que pagaram 100 dólares para poderem atravessar a fronteira”, comenta Charles Eduardo Stefanello, coordenador de produção da Agrogen, que foi buscá-los no Acre. O impasse para sair do Peru e chegar à Brasiléia, cidade brasileira na fronteira com o estado nortista, custou todo o dinheiro que traziam consigo e três meses dormindo na rua e trabalhando exclusivamente por comida até a situação se resolver.

Pelo mundo em busca de um sonho maior
Ezechiel tem apenas 25 anos. Cursou até o segundo ano da faculdade de Ciência da Computação, no Haiti. Ele conta que, antes do terremoto que devastou seu país, em janeiro de 2010, a vida era difícil. Entretanto, após a catástrofe, a situação se tornou insustentável.
“Depois do tremor, tivemos medo que houvesse outro e fomos obrigados a sair do país e buscar outra alternativa”, lembra. Emocionado, ele afirma que perdeu pessoas queridas no desastre e que a pobreza, o desemprego e a violência atingiram níveis assustadores e sem perspectivas de solução.
O jovem é um dos únicos imigrantes que possui um grau de instrução mais elevado. É tido como um dos líderes por ter conhecimento de outras línguas, entre elas a espanhola e o inglês, o que o torna um facilitador da comunicação entre os funcionários brasileiros e os haitianos, na Agrogen. 
Curioso, ele faz perguntas sobre o Brasil, questiona como é viver em São Paulo e se mostra esperançoso com a vida que se projeta daqui para frente. “O motivo principal de estar aqui é juntar dinheiro para conseguir continuar meus estudos e ajudar a minha família”, afirma. Concluir a faculdade deixou de ser algo possível para se tornar um sonho distante.
Os outros, em sua maioria, eram comerciantes em suas respectivas cidades e, como Ezechiel, perderam junto com parentes e bens materiais a perspectiva de felicidade pela qual vinham batalhando até perderem tudo com o terremoto. O que restou, além dos escombros, foram esperança e força. Muita força.

Ações em nome de um futuro
Jean Chal tem 40 anos. Tem, também, nos olhos, marcas de saudade. “Tenho esposa e três filhos. Como faço para trazê-los para cá?”, questiona, auspicioso.  Charles comenta que os trouxe a Montenegro para adquirirem um celular cada um. Jean gastou todos os créditos que colocou, no dia da compra, para falar com a família.
Marcos Antonio Matte, líder de produção da Agrogen, também conta que frequentemente é solicitado para ajudar a realizar ligações para o Haiti. “Esses dias, um deles vibrava ao conseguir completar a ligação. Acenava para mim com os polegares, sorrindo, por ter conseguido”, lembra.
O coordenador de produção também menciona outra moça do grupo, que quase desistiu do emprego na granja por achar que não conseguiria trabalhar na função para qual foi designada. “Ela disse que nunca tinha trabalhado na vida. Provavelmente a família tinha um poder aquisitivo maior para ela nunca ter precisado batalhar por dinheiro”, especula Charles.
De fato, a história diferente que cada um conta é uma amostra da realidade difícil que paira sobre o pequeno país, e o quanto de suas vidas está sendo sacrificada nessa tentativa de recomeçar. Quando foram propostos para o emprego no Rio Grande do Sul, havia 250 haitianos no alojamento, em Rio Branco, no Acre. Os 24 que se interessaram em vir para o Estado tiveram seus documentos regularizados na imigração, ganharam visto e carteira de trabalho. Agora são como qualquer outro cidadão, com direitos e deveres, porém, alguns medos e receios a mais. “Tem racismo no Brasil? Se algum dia eu for vítima de preconceito aqui, volto pro Haiti”, afirma Ezechiel. “Os brasileiros são sensíveis, compreensivos, nos ajudam e são alegres como nós”, termina.

Recrutamento foi até o Acre
A dificuldade de contratar mão de obra para algumas unidades produtivas aqui no Estado, e também em Minas Gerais, fez a Agrogen buscar uma alternativa inusitada. Foi assim que surgiu a ideia de dar uma oportunidade de trabalho para haitianos. A seleção foi realizada em abril, em Rio Branco (Acre)e, desde o final do mês passado, eles se encontram em solo gaúcho, em três unidades da empresa.
A coordenadora de Recursos Humanos da Agrogen, Vanessa Lermen, conta que leu uma reportagem sobre a migração de haitianos para o Brasil em busca de emprego e uma nova vida, já que seu país fora devastado por dois terremotos em 2010. Daí surgiu a ideia de buscar a contratação dessas pessoas. “Eu estava no Paraná e conversando com uma consultora sobre a dificuldade de contratar mão de obra. Então ela comentou que havia escutado boas referências sobre a mão de obra dos haitianos. Pensamos que seria uma ideia boa aliarmos a oportunidade de ajudarmos essas pessoas e resolver o nosso problema com a escassez de trabalhadores, que atinge o setor avícola”, explica.
A partir daí, foi feito contato com o governo do Acre, que serve de porta de entrada para os haitianos no país. “Fomos atendidos pelo secretário municipal de Brasiléia, cidade que se especializou em acolher os haitianos que nos informou que os mesmos estariam entrando no país por Rio Branco, sua capital. Na medida que o governo federal fosse autorizando a entrada deles, que estavam na fronteira do Brasil com o Peru, fariam contato para que fossemos recrutá-los”, conta Vanessa.
A liberação da entrada dos haitianos no Brasil foi feita apenas no dia 17 de abril, para 240 pessoas. Assim, no dia 18 de abril, o coordenador de produção da Agrogen, Charles Stefanello, e Juliana Coser, do setor de Recursos Humanos da empresa, foram até Rio Branco, para selecionar e recrutar os haitianos. Dos 32 contratados, dez foram para as unidades de Montenegro, dez para São Francisco de Paula, quatro para Triunfo e oito para Sete lagoas (MG).

Sobre o Haiti
- O Haiti é o país mais pobre das Américas. Ao mesmo tempo, foi a primeira república negra do mundo a declarar sua independência.
- Cerca de 80% da população vive em situação de extrema pobreza com menos de dois dólares por dia e situa-se em uma área no globo que é bastante propícia a ser atingida por furações e terremotos.
- Uma das línguas oficiais do país é o Francês, porém, apenas 10% da população a utiliza. A maioria fala o Crioulo, língua oficial junto com o idioma da minoria.
- Desde junho de 2004, Argentina, Benim, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Croácia, Equador, Espanha, França, Guatemala, Jordânia, Marrocos, Nepal, Paraguai, Peru, Filipinas, Sri Lanka, Estados Unidos e Uruguai compõem as tropas que integram a Missão de Paz no Haiti. É uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para reconstruir e estabilizar a República. 
- Em janeiro de 2010, um tremor de terra de 7 graus na escala Richter devastou o país e agravou a situação dos mais de 10 milhões de haitianos. No desastre, pelo menos 200 mil pessoas morreram, 800 mil ficaram feridas, 4 mil foram amputadas e quase 2 milhões desabrigadas. E esse número de óbitos só contabiliza os sepultados oficialmente. Os que nunca foram retirados dos escombros nem os que foram enterrados pelas famílias estão incluídos. Se contados, o número estimado chega a quase 700 mil mortos. Foi a terceira maior catástrofe do mundo.

CNIg aprovou concessão de vistos
 
Segundo a coordenadora de Recursos Humanos da Agrogen, Vanessa Lermen, a idade dos haitianos trazidos pela empresa para o Estado e para a cidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais, varia de 22 a 52 anos, sendo 26 homens e seis mulheres.
Vanessa conta que a contratação foi realizada no regime de Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), “com todos os benefícios legais e, em alguns casos, com acompanhamento psicológico. Por causa de algumas denúncias de promessas não cumpridas por parte de algumas empresas, o Ministério do Trabalho monitora todas as empresas contratantes”, explica.
O processo de espera por uma oportunidade de trabalho não é dos melhores. De acordo com Vanessa, em Rio Branco, os haitianos recém-chegados recebem assistência médica, alimentação e hospedagem em uma pousada onde cabem até 80 pessoas precariamente. “Lá, eles fazem exame para detectar Aids, Cólera e outras doenças, além de tomar vacinas contra Hepatite, Tétano e Febre Amarela”, conta.
Segundo ela ainda, o Conselho Nacional de Imigração (CNIg), órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), aprovou  a concessão de 1.200 vistos por ano para haitianos que pretendem migrar para o Brasil. O documento, válido por cinco anos, dá direito de o estrangeiro trabalhar e trazer a família para o país pelo mesmo período.

*Matéria publicada no Jornal Ibiá (Montenegro -RS) de 10 de maio de 2012, em co-autoria com Pedro Giumelli, no qual participei fazendo a entrevista com os haitianos. Matéria com fotos aqui