terça-feira, 14 de outubro de 2008

O Criador e a sua Engenhoca

A idéia foi minha, todavia, quem me motivou a colocá-la em prática foi o conselheiro Aires. Um amigo dele deixou o diário na estante do meu quarto. Fiquei curiosa. Peguei-o pra ler. O conselheiro é realmente um cara culto. Impressões, anotações e observações de uma época distante, 1800 e alguma coisa. Tudo ali, registrado em folhas de papel.
Aires tem se mostrado um verdadeiro engenheiro. Articula palavras como engrenagens, planeja as sentenças com cautela e sabe onde deve lubrificar o parágrafo para que o conjunto se desenrole propiciamente sem os irritantes "inhécs inhécs". Não há falhas. Vírgulas e pontos são seus parafusos, porcas e pregos. Tudo em seu devido lugar. A inspiração é o combustível que faz a engenhoca funcionar. Uma engenhoca de papel.
O conselheiro Aires me motivou. O amigo que deixou o livro na estante também. Um tal de Machado de Assis. Agora quero ter o meu próprio maquinário e colocar nele minhas percepções do mundo lá fora. Tudo lá de fora bem aqui dentro. Aqui dentro pra todo mundo ver. O mundo visto por mim, lubrificado com o meu melhor óleo. Todas as peças no seu devido lugar. Tudo registrado na minha engenhoca de papel.

2 comentários:

Luana Duarte Fuentefria disse...

boa idéia!
aliás, idéias de machado são sempre boas.

boa sorte, então!

Marco Leonardelli Lovatto disse...

Sensacional introdução.
Me pergunto nesse momento se alguém escreve melhor do que tu.
Adorei, inclusive, a metáfora!

Marco Lovatto